PÓRCIO LICINO
( Império Romano )
a parte do fogo
TEXTO EM LATIM - TEXTO EM PORTUGUÊS
POR QUE CALAR NOSSOS AMORES?: Poesia homoerótica latina. Organização Raimundo Carvalho, Guilherme Gontijo Flores, Márcio Meirelles Gouvêa Júnior, João Angelo Oliva Neto. Edição bilíngue Latin – Português. Belo Horizonte, MG: Autêntica
Editora, 2017. 285 p. (Coleçâo Clássica) 16,5x24 cm. ISBN 978-85-8217-602-3 Ex. bibl. Antonio Miranda
Nada sabemos desse autor, embora os nomes Pórcio e Licino apareçam nas magistraturas romanas, indicando que ele seria de uma família inserida na vida política. A única outra informação que temos é que escreveu um poema sobre a guerra púnica (Aulo Gélio, Noites áticas, 17.21), e outro trecho mais vago, que aparece mencionado por Varrão (Da língua latina, 5.163) e por Cícero (Dos fins, 1.5). Provavelmente viveu entre o final do século II e o início do século I, como Edítuo e Catulo.
O poema abaixo tem uma temática similar ao epigrama 2 de Edituo, porém seu desenvolvimento é muito mais conciso e impactante.
Sobre o contexto em que este poema foi citado, cf. a introdução a Valério Edítuo.
(Guilherme Gontijo Flores)
- (Aulus Gellius, Noctium Atticarum, 19.9)
Custodes ouium tenerae propaginis, agnum,
quaeritis ignem? Ite huc; quaeritis? Ignis homost.
Si digito attigero, incendam siluam simul omnem,
omne pecus flammasta, omnia qua uideo.
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1. (Aulo Gélio, Noites áticas, 19.9)
Ó guardião das frágeis crias das ovelhas,
queres fogo? Anda! Queres? Fogo é o homem.
Se toco um dedo, logo acendo toda a selva,
tudo o que vejo, todo o gado — é chama.
Nota
O termo específico do poema no v. 2 homo (traduzido por “homem”);
em latim o termo designa a espécie humana, e não o macho da
espécie, porém o poema pode ser considerado homoerótico se o lemos como uma conversa entre a voz poética e um pastor, de modo
que a fala do poeta sugere seu desejo (ainda que não se explicite
necessariamente como um desejo pelo pastor).
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Página publicada em abril de 2023
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